Dicas
nunca são demais
“Sobre a escrita”
foi um livro que tive vontade de ler de imediato assim que vi seu lançamento.
Como recusar dicas vindas de um dos maiores escritores do mundo?
Confesso, envergonhada, que nunca li nada do King. Sim, nunca li porque tenho uma
dificuldade muito grande de me encontrar em livros de suspense e terror. Nunca
consegui ficar realmente assustada - até recentemente com “Deixa ela entrar” (mas isso é assunto para outro post) – com livro
de terror. Então pensei que ler sobre a forma como eles são produzidos me
fizesse entender melhor seu funcionamento e assim me entregar ao medo numa
próxima leitura ou perdoar ineficácias que antes desconhecia.
Então precisamos começar por aí, o livro são dicas de
escrita para aqueles que vão produzir livros de ficção e de suspense. Ponto.
Apesar de ter dicas gerais de pontuação, construção frasal, escolha vocabular e
estilo que são úteis até para alunos do Ensino Fundamental, elas são poucas
perante o objetivo do livro. Então não adianta criticar as dicas levantadas
como parcas ou superficiais, porque esta foi realmente a intenção do King. Ele
mesmo começa o livro dizendo que a chance de ele ser um fracasso e falar muito
sem dizer nada é de 100%. Rs. Pois é.
Por isso o livro é leve, despretensioso. E por isso
funciona. Ele começa com King contando de sua vida, fazendo uma pequena
autobriografia toda voltada obviamente para seu processo de escrita, formação
acadêmica, familiar e emocional que o levaram a se tornar o profissional que é.
Depois ele nos fornece dicas preciosas. E bem específicas. Como montar seu
escritório. Durante quantas horas trabalhar por dia. Qual o melhor horário.
Quando deixar as pessoas lerem seu rascunho. Como construir personagens. Usar
voz passiva ou ativa. Blábláblá.
E não se assuste com os termos gramaticais, porque todos
eles são explicados e exemplificados (o que é a melhor parte, porque são muito
ilustrativos) no livro, já que o público pretendido por King é... você, eu,
todo mundo que queria ler, escrever ou criticar ficção.
Mas o importante de se lembrar é que o King dá dicas que
funcionam PARA ELE. Gente, se conselho fosse sempre muito bom e funcionasse,
minha vó estaria rica. Não é bem assim. O que funciona para ele, não funciona
para o Leonardo Padura, por exemplo,
que disse tudo oposto do King numa palestra dada na Flip. Isso quer dizer que não funcione em nada para você. Para mim
por exemplo, metade das dicas seriam inúteis, porque não consigo começar a
escrever nada sem planejar seu começo, meio e fim. Não tem essa de ir
descobrindo a personagem e se assustando com as cenas conforme as crio. Mas o
King acredita que sim, se o escritor se assusta, o leitor também o fará. Isso
soa pobre para fim, fácil demais, com muitas possibilidades de incongruência e
fios soltos ao longo do texto que não teve planejamento prévio. Mas... quem sou
eu pra brigar com ele? E isso jamais funcionaria para um drama familiar, para
uma história de amor. Mas para o terror... pode ser...
Bom, ademais do demais, adorei o livro. Leve, divertido,
útil e que me deu um gostinho de ler histórias de terror pra já!
Ô livro bom!!!
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