Por que
ainda não fizeram uma animação?
Acho que essa pergunta resume a
resenha inteira. Gente do céu, esse livro tem cara de filme/animação/desenho a
ser feito para crianças. Do início ao fim. Em quesito divisão de cenas,
flashbacks, descrições e tema, isso aqui é mais um roteiro que um romance. E
confesso que gostaria de assistir à animação desse livrinho.
“Rumo aos anéis de Saturno”
pretende contar a história de Art, nosso narrador, e de seus amigos e
familiares numa aventura interplanetária contra monstros malvados em forma de
aranhas albinas. Sei que parece ruim, mas é bom.
Confesso que o autor pecou nas
descrições, porque, se ele vai criar um universo inteiramente novo, com
alienígenas, mundos, comidas e cheiros que nunca sentimos ou vimos, ele
precisaria ter se esforçado mais para nos fazer realmente entender tudo aquilo.
Mas a aventura prevalece e entendo seu descaso em perder tempo narrando seres
que não tinham tanta importância assim – e haja seres novos, porque a cada
página ele cria mais e mais coisas, que chega uma hora que você simplesmente
desiste de guardar os nomes e acompanhar a narrativa – e descrevendo em
detalhes cenas que são ricamente ilustradas em figurinhas pequeninas ou
gigantes ao longo de quase todas as páginas.
Bom, o livro segue mais ou
menos a ideia de “A cidade e as serras”, porque, apesar de nosso narrador ser
personagem, ele não parece ser o protagonista. Ele passa mais tempo descrevendo
sua idolatria pelo pirata juvenil Jack do que contando o que sente e o que faz.
Acho que Art não gosta muito de si mesmo quando comparado ao garoto descolado,
divertido e corajoso e independente e bonito e e e e ... que é Jack. A gente
saca o ciúme sem pensar duas vezes. Achei essa característica um tanto quanto
fofa, porque nosso narrador realmente não teria como ter todas as qualidades de
Jack tendo o pai bobão do jeito que ele tem, que só o ensinou botânica e
zoologia espacial e mais nada. Mais fofo ainda fica quando Jack se apaixona
pela irmã de Art, Myrtle. Como todo bom irmão, o narrador detesta sua irmã mais velha e não vê
nada nela de atrativo e fica tão mais tão bravo com o romance dela com Jack que
honestamente não sabemos se essa braveza é por ciúmes do pirata ou de Myrtle.
Achei o livro uma grande
paródia do nosso processo colonizador que se estende não apenas às colônias
americanas, mas a outros planetas e luas. Um professor de história do
fundamental se valeria deste livro facilmente para tratar das Grandes Navegações,
descobertas científicas do Iluminismo e da questão do preconceito contra raças
consideradas inferiores por um darwinismo social imoral, já que ele mistura
personagens e marcos históricos à ficção.
Gracinha de livro.
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